De corredores azuis...
Há uma semana tenho ido ao hospital todos os dias.
Meu pai internado.
Há mais de dez anos, com mínimos intervalos, isso acontece.
Um coração que bate fraco.
Um sangue que já não circula.
Uma perna praticamente comprometida.
Eu e minha mãe arrancamos forças não sei bem de onde.
Mas arrancamos.
E aqueles corredores azuis...
Aquelas camas,
rostos tristonhos,
olheiras fundas,
idas e vindas,
sol cearense na cabeça,
um cansaço que não é físico.
Um cheiro de éter,
uma sensação ruim que acompanha.
E Padre Bento retratado em um quadro antigo,
tratava dos leprosos ele mesmo.
Sem repulsa,
sem medos.
Quando um médico diz:
"Vamos cortar aqui e aqui...",
volto ao dilema:
"O que somos?"
Tema para o próximo ano.
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