Daquele...

Ele lembrou Daquele.
Tarde gelada de Agosto.
Há tempos ele entrou altivo no ônibus.
Tinha cor de metal.
Sorriso franco.
Adolescência urgente.
Descobertas sob descobertas.
Descobertas sobre descobertas.
Também o sexo era franco.
Entre eles, ausência.
Disputa, talvez.
Amor, não.
Talvez deste.
Daquele atração.
Escape.
Rapte-me.
Tinha mar.
Cazuza e Legião.
Raros beijos e suor.
E pêlos.
Penugem.
Gozo havia.
No fundo dos nossos poços fuuuuuuuuundos.
Havia um querer, acho.
Muito se passou.
Tudo se passou.
Busco-te ainda.
Provoco-te ainda.
Invado-te.
Adultos que somos,
também os brinquedos se quebraram.
Aqui debaixo,
no metrô,
sigo.
Inconstante.
E me chega seu sorriso ainda franco.
Sorriso antigo.
Não somos mais.

"QUANDO ENTRAR SETEMBRO..."