quarta-feira, agosto 30, 2006

Deste...


Ele sentou pra escrever.
Noite abafada.
Ficção.
E vida mesmo.
De repente um cheiro-perfume de bolo de laranja.
E a mãe que exagera no açúcar da calda.
Dói o peito e os olhos quase choram.
Um medo da perda.
Um medo de depois esquecer tudo isso.
Um medo de lembrar num repente e então sentir mais medo.
Esse buraco que não se preenche.
Esse poço fuuuuuuuuuuuundo.
Velho porão com brinquedos.
Iô-Iô que acendia a luz.
Carrinho de rolimã com cadeira de fibra.
A bicicleta verde.
E então ele descobriu que Papai Noel não existia.
Inspira.
Prende.
Solta.
Ele foi uma criança feliz.
Erótica.
Feliz na solidão dos únicos e dos especiais.
Ele é daqueles que todos cumprimentam na rua.
Inclusive os desconhecidos.
E nesse poço fundo dele.
Mesmo ele se desconhece.
- Esquece.
- se.